João Pessoa-PB / Chapada Diamantina-BA

Iniciando mais um projeto de viagem, desta vez apenas em minha própria companhia. É minha primeira viagem solo de maior distância (antes havia feito apenas João Pessoa-PB/Maceió-AL - em torno de 380 Km). Pretendo sair no dia 05/11/2015 de João Pessoa-PB com destino à Jequié-BA, 1.154 Km segundo o google.maps, com pernoite em Paulo Afonso-BA. No domingo, dia 08, rodarei 242 Km com destino a cidade de Mucugê-BA, já na Chapada Diamantina, onde ficarei até a terça dia 10 e seguirei para a cidade de Lençóis-BA, 132 Km, permanecendo por lá ate o dia 13 ou 14, retornando pra minha João Pessoa-PB, mais 1.183 Km, o que totalizará 2.711 Km. Tudo pronto para a partida. Pretendo registrar os detalhes dia-a-dia, sempre que o Wi-Fi e a disposição permitirem. Vamos que vamos.

1° dia

Conforme planejado, às 7:15 h do dia 05/11 parti de João Pessoa-PB para curtir os primeiros kms da viagem. Dia de estrada, em sua maior parte, no mesmo trecho da viagem que fizemos até Piranhas-AL. Optei pela BR101 passando pelo grande Recife-PE, ao invés da BR230 como fizemos anteriormente, e valeu a pena; os buracos em sua maior parte estão tapados e o horário já não era de trânsito tão intenso. O desafio do dia foi o calor que fez após a descida da serra de Garanhuns-PE. Estava muito quente e quando cheguei em Paulo Afonso-BA, por volta das 15:15h, parei em um posto de combustíveis para decidir se continuava a viagem por mais alguns kms ou não, visto que já havia atingido o objetivo do dia. O painel da moto mostrava uma temperatura ambiente de 38° à sombra. Resolvi  então, por indicação de um taxista, procurar a pousada lua cheia que, sem nenhum luxo, me ofertou uma diária a um preço bastante em conta, R$ 60,00 com estacionamento, um bom café da manhã e, principalmente, um ótimo banho e ar condicionado bem friozinho. Haaaa, aquilo não tinha preço. Decisão acertada. Final do dia com 555,7 km rodados em 8hs.

Chegada em Paulo Afonso-BA

2° dia

7:15h já forrado com o café da manhã bem servido na pousada, hora de botar a máquina na estrada. Segui pela BR110 até Ribeira do Pombal-BA, pela BR410 até encontrar a BR116 em Tucano-BA. As duas primeiras estão em bom estado de conservação (alguns poucos buracos) porém o acostamento praticamente não existe em boa parte. Já a BR116 está muito remendada, necessitando urgentemente de um trabalho de recapeamento. Após Feira de Santana-BA a BR está "privatizada" e, mesmo estando em obras em muitos trechos, deu pra desenvolver bem. Possui duas praças de pedágio ao preço de R$ 1,70 (moto). A temperatura esteve bem mais amena que no dia anterior. Objetivo do dia, Jequié-BA, atingido próximo das 16h. Agora sábado em família matando as saudades da minha irmã e sobrinho e só retorno pra estrada no domingo. Balanço do dia: 603,5 Km em 8:45h, totalizando 1.159,2 Km.

BR116 (Rio/BA)

 3° dia

Máquina estacionada. 

Não digo nada...

4° dia 

Depois de um dia parado, saudades da maninha amenizadas, chegou a hora de voltar pra estrada. 9:30 pego a máquina bem orientado pelo maps. Lasquei-me. O trecho que era pra ser de 242 km, segundo os aplicativos do google.maps e maps.me, terminou com 362,6. O roteiro dos aplicativos incluíam vias de terra, sem asfalto e, convenhamos, enfrentar essas "trilhas" sozinho não é o melhor negócio e nem estava nos meus planos. Ainda mais, com o risco de falta de gasolina (greve dos petroleiros) tinha que fazer abastecimento sempre que possível. Fui na moda antiga: pergunta aqui... pergunta ali... e acabei chegando. E valeu! A estrada tem algumas paisagens de tirar o fôlego. A medida que vai subindo, se aproximando da Chapada, o clima vai mudando e a temperatura baixando, tornando a viagem super agradável. Mas nem tudo são flores: praticamente não existe acostamento e os buracos são uma constante. O trecho entre Tanhaçu e Ituaçu (24 km) é de asfalto de péssima qualidade. Balanço do dia: 363,6 km em 5:15h, totalizando 1.521,8 Km.

 

5° dia 

Pausa na estrada. Programei uma parada de dois dias em Mucugê-BA para conhecer os atrativos nos arredores desta cidade. Logo cedo, procurei contratar uma visita à cachoeira do buracão e, acreditem, não consegui. Estava sozinho e para o operador de turismo só compensa grupo de 3 ou mais pessoas. Como não queria rodar por estrada de terra com o moto, aluguei um carro (R$ 180,00) e fui até a vizinha cidade de Ibicoara. Chegando lá, outra dificuldade: a maioria dos guias estavam ajudando no combate a um incêndio que havia iniciado no parque. Com sorte, apareceu um guia que estaria indo até a Cachoeira mas não retornaria. Contratei assim mesmo (R$ 80,00) e valeu a pena. Me guiou por aproximadamente 30 km em estrada de terra não muito boa e mais 7 km de trilha a pé (3,5 para ir e 3,5 para voltar). Todo o percurso, que é feito praticamente beirando o rio, é de extrema beleza e culmina com uma queda d'água de 90 metros. A primeira vista é pela parte de baixo da queda onde se atravessa, nadando e de colete, toda extensão de um canyon. A beleza compensa todo esforço do caminho. É um passeio fantástico.
Um detalhe: na área desse parque só é permitida a entrada de visitantes (R$ 6,00) acompanhados de guias credenciados e existem três associações de guias na cidade. A maioria deles possui moto e um  kit de primeiros socorros.

Cachoeira do buracão

Cachoeira do buracão - vista superior

6° dia 

Outro passeio que eu havia planejado a partir de Mucugê era o do Poço Encantado e do Poço Azul e, novamente, não havia outros interessados. Então a única opção foi conhecer Igatu, com suas ruínas de casas de pedras, a galeria arte & memória e a mina brejo-verruga. É uma verdadeira volta no tempo da extração de diamantes. O caminho até a vila, feito em veículo 4x4, é cheio de mirantes naturais e ainda guarda alguns resquícios da estrada real, com piso de pedras. Foi um dia bem interessante. Finalizamos com uma visita ao projeto sempre-viva e museu vivo do garimpo.

Mina brejo-verruga

Ruínas de casas de pedras

7° dia 

É... O Poço Encantado e o Poço Azul vão ficar para uma próxima. Amanheceu com o tempo fechado e resolvi pegar a estrada com destino à Lençóis-BA. Viagem curtinha de 144 Km que fiz em menos de duas horas via BA142, BR242 e BA144 em uma temperatura super agradável (na saída de Mucugê, às 10:30, o painel da moto marcava em torno de 20°). A asfalto entre Mucugê e Andaraí está em estado bastante precário, com vários buracos, muitos deles em curvas. A tarde serviu apenas para contratar um passeio para o dia seguinte. Balanço do dia: 143,3 km em 2:30h, totalizando 1.665,1 Km.

8° dia 

Último dia na Chapada fechado com chave de ouro. O passeio contratado na empresa Chapada Adventure Daniel (www.chapadaadventure.com) inclui a visitação a Cachoeira do diabo, Gruta da Lapa Doce, Gruta da Pratinha, Gruta Azul e subida ao Morro do Pai Inácio. Cada local visitado é de beleza ímpar. Sem dúvidas, vale a pena cada centavo pago. Lamento apenas que, no final, na oportunidade da subida ao Morro do Pai Inácio, havia um incêndio na vegetação do parque, com grande área queimando e emitindo uma grande quantidade de fumaça dificultando um pouco o visual, além das perdas na fauna e flora, naturalmente. À noite, uma pizza na Rua das Pedras, que "ninguém é de ferro".

Cachoeira do diabo

Entrada da Gruta da Lapa Doce

Interior da Gruta da Lapa Doce

Gruta da Pratinha

Gruta Azul

Morro do Pai Inácio

9° dia

Dia de estrada retornando para minha João Pessoa-PB. Saindo de Lençóis-BA às 8:15 h, via BR242 até encontrar a BR116 na altura de Rafael Jambeiro-BA. Daí pra frente foi o mesmo roteiro da ida, até a cidade de Paulo Afonso-BA, para pernoite. Na BR242 o trânsito é intenso e os buracos são uma constante fazendo com que os caminhões e carretas trafeguem pela contramão, desviando dos buracos, e lhe obrigando a dirigir numa atenção redobrada. Balanço do dia: 652,7 km em 9:50h, totalizando 2.317,8 Km.

Buracos na BR242

10° dia

Último dia da viagem. Saí de Paulo Afonso-BA às 7:20 h, pelo mesmo roteiro da ida, sabendo que teria que conter a ansiedade da chegada. Foi também um momento de avaliar e refletir sobre a minha primeira viagem "solo" de maior quilometragem, sobre os momentos de solidão, de conhecer pessoas com outras culturas e costumes, de companheirismo de outros motociclistas, de novos ares, enfim, dos 10 dias comigo mesmo. Momento de agradecimento ao Criador pela proteção recebida e pelo retorno em paz. Balanço do dia: 553,7 km em 7:05h, totalizando 2.871,5 Km. 

Minha companhia por 10 dias

No total foram consumidos 143,79 litros de gasolina o que nos dá um consumo médio de 19,97 Km/l.

Mapa da viagem